Quando começa não para este maldito telefone. Às vezes eu simplesmente deixo tocar. Dificilmente você ouvirá uma grande noticia pelo telefone. Por outro lado é o veículo perfeito para se espalhar a tragédia. De madrugada então pode saber. Mas dessa vez eu tava passando perto, resolvi atender:
_ È você? a voz perguntou.
_ Sou. E você quem é?
Era ela. Qual ela? Eu me perguntava. Aquela ela. Ahhn e daí – porra, faz tempo e tal... Aquela coisa toda. Subitamente, ela interrompe:
_Preciso te ver. Agora.
Ainda era cedo pra beber. Só tenho bebido a noite. Então sugeri um café no velho Bosque Alemão. Ela aceitou. Não era a primeira vez que eu convidava. E ela tinha aceitado na outra. A exemplo de algumas outras jovens senhoras que também caíram no conto do Bosque Alemão. É um lugar elegante e pouco freqüentado. Tem uma bela “taquilla” de produtos alemães. Cafés, pães e tortas. Traz um clima aconchegante de segurança. Depois tem o Bosque. A mata fechada e todos seus perigos e mistérios. Este choque cria um efeito interessante. A tal “reversão da expectativa”.
Cheguei antes. Tinha um livro de bolso que ia bem com café preto. Fiquei ali fazendo uma pose de espertão. Ela logo apareceu. Notadamente alterada. Mantinha o cigarro bem perto da boca. Uma tragada e uma respirada. Uma tragada e uma respirada. Levantei e fui recebê-la. Resolvi aplicar um daqueles abraços, com suspensão dorsal e meia-volta. Que enchem as mulheres de tranqüilidade e conforto. Ela tava mais gordinha:
_ Senta aí, quer alguma coisa ? me prontifiquei e fiz os pedidos.
Fumamos e tomamos café, e ela riu de umas piadas. Disse que ela tava bonita e tal. Não chega a ser mentira. Ela é uma indiazinha com seus encantos. Mas o comércio nunca fechou as portas por isso. Na verdade eu sempre tive que me esforçar um pouco com ela. Precisei sempre beber bastante e criar um clima cafajeste – de amor bandido. Daí sempre evoluiu. Senão é aquela coisa. Ao passo que ela ficou meio obcecada comigo um tempo. Fazia cenas, chorava – ligava de madrugada. Me bateu com o cabo daquelas vassourinhas de tapete. Aquelas que desmancham. Nunca entendi por que.
_ E aí, como você ta?
“Bem pra caralho”, menti. Inventei umas estórias. Aumentei umas outras. Omiti outras tantas. _ E aquele teu cachorro?.
Tinha morrido. Ela tinha um cachorro aleijado. Sem uma pata traseira. Os caras acoplaram umas rodinhas e ele podia andar. Era interessante. Contei que tive que doar o meu. Morando em apartamento e tudo o mais. Lembrei que a ultima vez que eu a vi ela tava com um cara estranho comendo umas paradas na feira ali da baixada do Hugo Lange. Recordo-me de ter pensado “essa aí conseguiu arrumar um traste pior que eu”.
_ Tá bom, e o que você queria me falar?
Ela acendeu o décimo cigarro. Deu uma grave tragada. Disse que não era nada. Só queria me ver mesmo. Que tava mais tranqüila e feliz sabendo que eu tava bem. Desconversou. Mentiu umas coisas dela. Uns projetos. Falou de umas pessoas que eu não conheço. Fez menção de que precisava ir. Assumi a conta (muito do mito sobre meu cavalheirismo, nasceu deste hábito). Era hora da despedida. Neste ponto ocorre o inesperado.
Desta vez foi ela quem caprichou no abraço. Abraço demorado, cheio de mão nas costas. Ela simplesmente não largava. “Tava mais cheinha mesmo”, eu ponderei. Depois ela me roubou um “half” – o beijo de meia boca. Nisso meu pau inchou. Um pensamento me percorreu e grudou na minha mente como um slogan “ Ela quer que eu coma ela na escada, como da outra vez”.
Fiz o meu movimento:
_ Vamo ali na escada , dar uma olhada na cidade. Eu até fumo um cigarro com você...
Então vamos. A Torre dos filósofos. Chovia um pouco e fazia frio. Não tinha ninguém por ali. Dificilmente a guarda municipal se ocuparia do nosso rápido coito. Seria reconfortante, simples e limpo. Serviria pra nos esquentar no começo da noite fria. Mais ou menos como comer pinhão. Ela me passou o cigarro e disse:
_ Eu tou grávida ...
Disse sem me olhar. Eu parei e ela continuou andando. Desceu um lance de escada e se escorou no parapeito. Ficou olhando a cidade com um olhar distante. A Bundinha arrebitada. “Eu vi mesmo que tinha encorpado”. Cheguei abraçando por trás. Demos uma balançadinha, aquela valsinha que prova às mulheres que elas não estão sozinhas. Larguei dela e acendi o cigarro:
_ Aquele piazão?
Era. E de quem se tratava? Como é que ia ficar? Era um cara que tinha ficado uns tempos aqui. Morava em São Paulo e não sei mais o que. Não sabiam no que ia dar, ela ia voltar pra casa da mãe dela e nisso ela começou a soluçar baixinho.
Eu grudei atrás, então. Levantei o Os ombros dela e investi no cangote com um certo carinho. Abracei bastante por trás. Deixei os braços descuidados passarem pelos peitos. Depois atravessei um braço por entre, como numa espanhola. Notei que ela tava meio chorando (quentinha de lágrima e nariz escorrendo), meio excitada. Pareceu-me o momento certo.
A mão direita escorreguei por dentro da calcinha com o dedo médio percorrendo toda a canaleta em direção ao rego. A outra mão deu a volta na cintura, pelo lado esquerdo, procurando o botão da calça. Com uma ginga de corpo tentei colocar ela na posição “apoiada no tronco”. Ela me repeliu. Deu um salto:
_ Que é isso? Que é que você ta pensando? Eu vou te contar um negócio...
Fiz uma cara de coitado. De guardador de carro. Q que é que ela queria de mim? Na verdade achei que tinha ficado bem claro tudo. Ela queria me dar ali, como no tempo em que tudo era feliz: O problema é que eu não consegui falar nada nesta hora. Deu umas gaguejadas
“_ porra gata” e uns outros grunhidos. Ela se transformou. Ficou um dez anos mais velha. Pegou a bolsa. Conferiu as roupas, se alinhou. Ela era braba. Eu não lembrava. “O rapaz de São Paulo tá fodido”, eu pensei:
_ Filho da puta ! Seu Filho da Puta! Filho da Puta!
Ela falou bem assim. Três vezes. Foi embora. Eu fiquei fazendo o desafio mental: (será que olha pra trás?) Achava que não. Mas ela olhou. Foi embora na garoa. Devia tar triste, ali dentro do carro. Sem pinhão então.
Como estava no velho bairro decidi me arrastar até aquela venda que é logo ali na descida do outro lado. Onde tem um cara de chapéu, sempre torrado que propõe uns assaltos. “Vamo ganhar uma mansão que eu conheço”. Ele sempre vem com essa. E fica apertando a tua mão. “Tomar uma cerveja preta” me ocorreu. Era uma boa até. Já tinha escurecido
Não deu outra. Tava lá o cara da mansão.
_ È você? a voz perguntou.
_ Sou. E você quem é?
Era ela. Qual ela? Eu me perguntava. Aquela ela. Ahhn e daí – porra, faz tempo e tal... Aquela coisa toda. Subitamente, ela interrompe:
_Preciso te ver. Agora.
Ainda era cedo pra beber. Só tenho bebido a noite. Então sugeri um café no velho Bosque Alemão. Ela aceitou. Não era a primeira vez que eu convidava. E ela tinha aceitado na outra. A exemplo de algumas outras jovens senhoras que também caíram no conto do Bosque Alemão. É um lugar elegante e pouco freqüentado. Tem uma bela “taquilla” de produtos alemães. Cafés, pães e tortas. Traz um clima aconchegante de segurança. Depois tem o Bosque. A mata fechada e todos seus perigos e mistérios. Este choque cria um efeito interessante. A tal “reversão da expectativa”.
Cheguei antes. Tinha um livro de bolso que ia bem com café preto. Fiquei ali fazendo uma pose de espertão. Ela logo apareceu. Notadamente alterada. Mantinha o cigarro bem perto da boca. Uma tragada e uma respirada. Uma tragada e uma respirada. Levantei e fui recebê-la. Resolvi aplicar um daqueles abraços, com suspensão dorsal e meia-volta. Que enchem as mulheres de tranqüilidade e conforto. Ela tava mais gordinha:
_ Senta aí, quer alguma coisa ? me prontifiquei e fiz os pedidos.
Fumamos e tomamos café, e ela riu de umas piadas. Disse que ela tava bonita e tal. Não chega a ser mentira. Ela é uma indiazinha com seus encantos. Mas o comércio nunca fechou as portas por isso. Na verdade eu sempre tive que me esforçar um pouco com ela. Precisei sempre beber bastante e criar um clima cafajeste – de amor bandido. Daí sempre evoluiu. Senão é aquela coisa. Ao passo que ela ficou meio obcecada comigo um tempo. Fazia cenas, chorava – ligava de madrugada. Me bateu com o cabo daquelas vassourinhas de tapete. Aquelas que desmancham. Nunca entendi por que.
_ E aí, como você ta?
“Bem pra caralho”, menti. Inventei umas estórias. Aumentei umas outras. Omiti outras tantas. _ E aquele teu cachorro?.
Tinha morrido. Ela tinha um cachorro aleijado. Sem uma pata traseira. Os caras acoplaram umas rodinhas e ele podia andar. Era interessante. Contei que tive que doar o meu. Morando em apartamento e tudo o mais. Lembrei que a ultima vez que eu a vi ela tava com um cara estranho comendo umas paradas na feira ali da baixada do Hugo Lange. Recordo-me de ter pensado “essa aí conseguiu arrumar um traste pior que eu”.
_ Tá bom, e o que você queria me falar?
Ela acendeu o décimo cigarro. Deu uma grave tragada. Disse que não era nada. Só queria me ver mesmo. Que tava mais tranqüila e feliz sabendo que eu tava bem. Desconversou. Mentiu umas coisas dela. Uns projetos. Falou de umas pessoas que eu não conheço. Fez menção de que precisava ir. Assumi a conta (muito do mito sobre meu cavalheirismo, nasceu deste hábito). Era hora da despedida. Neste ponto ocorre o inesperado.
Desta vez foi ela quem caprichou no abraço. Abraço demorado, cheio de mão nas costas. Ela simplesmente não largava. “Tava mais cheinha mesmo”, eu ponderei. Depois ela me roubou um “half” – o beijo de meia boca. Nisso meu pau inchou. Um pensamento me percorreu e grudou na minha mente como um slogan “ Ela quer que eu coma ela na escada, como da outra vez”.
Fiz o meu movimento:
_ Vamo ali na escada , dar uma olhada na cidade. Eu até fumo um cigarro com você...
Então vamos. A Torre dos filósofos. Chovia um pouco e fazia frio. Não tinha ninguém por ali. Dificilmente a guarda municipal se ocuparia do nosso rápido coito. Seria reconfortante, simples e limpo. Serviria pra nos esquentar no começo da noite fria. Mais ou menos como comer pinhão. Ela me passou o cigarro e disse:
_ Eu tou grávida ...
Disse sem me olhar. Eu parei e ela continuou andando. Desceu um lance de escada e se escorou no parapeito. Ficou olhando a cidade com um olhar distante. A Bundinha arrebitada. “Eu vi mesmo que tinha encorpado”. Cheguei abraçando por trás. Demos uma balançadinha, aquela valsinha que prova às mulheres que elas não estão sozinhas. Larguei dela e acendi o cigarro:
_ Aquele piazão?
Era. E de quem se tratava? Como é que ia ficar? Era um cara que tinha ficado uns tempos aqui. Morava em São Paulo e não sei mais o que. Não sabiam no que ia dar, ela ia voltar pra casa da mãe dela e nisso ela começou a soluçar baixinho.
Eu grudei atrás, então. Levantei o Os ombros dela e investi no cangote com um certo carinho. Abracei bastante por trás. Deixei os braços descuidados passarem pelos peitos. Depois atravessei um braço por entre, como numa espanhola. Notei que ela tava meio chorando (quentinha de lágrima e nariz escorrendo), meio excitada. Pareceu-me o momento certo.
A mão direita escorreguei por dentro da calcinha com o dedo médio percorrendo toda a canaleta em direção ao rego. A outra mão deu a volta na cintura, pelo lado esquerdo, procurando o botão da calça. Com uma ginga de corpo tentei colocar ela na posição “apoiada no tronco”. Ela me repeliu. Deu um salto:
_ Que é isso? Que é que você ta pensando? Eu vou te contar um negócio...
Fiz uma cara de coitado. De guardador de carro. Q que é que ela queria de mim? Na verdade achei que tinha ficado bem claro tudo. Ela queria me dar ali, como no tempo em que tudo era feliz: O problema é que eu não consegui falar nada nesta hora. Deu umas gaguejadas
“_ porra gata” e uns outros grunhidos. Ela se transformou. Ficou um dez anos mais velha. Pegou a bolsa. Conferiu as roupas, se alinhou. Ela era braba. Eu não lembrava. “O rapaz de São Paulo tá fodido”, eu pensei:
_ Filho da puta ! Seu Filho da Puta! Filho da Puta!
Ela falou bem assim. Três vezes. Foi embora. Eu fiquei fazendo o desafio mental: (será que olha pra trás?) Achava que não. Mas ela olhou. Foi embora na garoa. Devia tar triste, ali dentro do carro. Sem pinhão então.
Como estava no velho bairro decidi me arrastar até aquela venda que é logo ali na descida do outro lado. Onde tem um cara de chapéu, sempre torrado que propõe uns assaltos. “Vamo ganhar uma mansão que eu conheço”. Ele sempre vem com essa. E fica apertando a tua mão. “Tomar uma cerveja preta” me ocorreu. Era uma boa até. Já tinha escurecido
Não deu outra. Tava lá o cara da mansão.
2 comentários:
tá bom esse negócio.
zé
Guti, meu caríssimo amigo, vc tá escrevendo BEM PARA CARALHO!!!!!
Muito show esse teu blog!
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