Num parágrafo, é mais ou menos assim:
Os bons ditadores sempre prometem uma eleição, como os bons comedores prometiam casamento até um tempo atrás. Fulgencio Batista prometeu eleições em Cuba, em Outubro de 52. Deu um golpe antes, como já dera em 34, e provocou revolta no povo, especialmente num jovem recém-formado advogado oriental ( do oriente da ilha) chamado Fidel Castro Ruiz. Foi Castro quem comandou o assalto ao quartel Moncada ,o maior do exército de Batista, em 26 de julho de 1953. A ação foi relativamente mal-sucedida, todos os lideres foram mortos ou presos,. Fidel preso escreveu sua auto-defesa, talvez seu escrito mais celebre, pedindo a própria condenação. Leiam o trecho final do pedido e aquele um parágrafo, vai virar três:
A los señores magistrados, mi sincera gratitud por haberme permitido expresarme libremente, sin mezquinas coacciones; no os guardo rencor, reconozco que en ciertos aspectos habéis sido humanos y sé que el presidente de este tribunal, hombre de limpia vida, no puede disimular su repugnancia por el estado de cosas reinantes que lo obliga a dictar un fallo injusto. Queda todavía a la Audiencia un problema más grave; ahí están las causas iniciadas por los setenta asesinatos, es decir, la mayor masacre que hemos conocido; los culpables siguen libres con un arma en la mano que es amenaza perenne para la vida de los ciudadanos; si no cae sobre ellos todo el peso de la ley, por cobardía o porque se lo impidan, y no renuncien en pleno todos los magistrados, me apiado de vuestras honras y compadezco la mancha sin precedentes que caerá sobre el Poder Judicial.En cuanto a mí, sé que la cárcel será dura como no la ha sido nunca para nadie, preñada de amenazas, de ruin y cobarde ensañamiento, pero no la temo, como no temo la furia del tirano miserable que arrancó la vida a setenta hermanos míos. Condenadme, no importa, La historia me absolverá.

Os bons ditadores sempre prometem uma eleição, como os bons comedores prometiam casamento até um tempo atrás. Fulgencio Batista prometeu eleições em Cuba, em Outubro de 52. Deu um golpe antes, como já dera em 34, e provocou revolta no povo, especialmente num jovem recém-formado advogado oriental ( do oriente da ilha) chamado Fidel Castro Ruiz. Foi Castro quem comandou o assalto ao quartel Moncada ,o maior do exército de Batista, em 26 de julho de 1953. A ação foi relativamente mal-sucedida, todos os lideres foram mortos ou presos,. Fidel preso escreveu sua auto-defesa, talvez seu escrito mais celebre, pedindo a própria condenação. Leiam o trecho final do pedido e aquele um parágrafo, vai virar três:
A los señores magistrados, mi sincera gratitud por haberme permitido expresarme libremente, sin mezquinas coacciones; no os guardo rencor, reconozco que en ciertos aspectos habéis sido humanos y sé que el presidente de este tribunal, hombre de limpia vida, no puede disimular su repugnancia por el estado de cosas reinantes que lo obliga a dictar un fallo injusto. Queda todavía a la Audiencia un problema más grave; ahí están las causas iniciadas por los setenta asesinatos, es decir, la mayor masacre que hemos conocido; los culpables siguen libres con un arma en la mano que es amenaza perenne para la vida de los ciudadanos; si no cae sobre ellos todo el peso de la ley, por cobardía o porque se lo impidan, y no renuncien en pleno todos los magistrados, me apiado de vuestras honras y compadezco la mancha sin precedentes que caerá sobre el Poder Judicial.En cuanto a mí, sé que la cárcel será dura como no la ha sido nunca para nadie, preñada de amenazas, de ruin y cobarde ensañamiento, pero no la temo, como no temo la furia del tirano miserable que arrancó la vida a setenta hermanos míos. Condenadme, no importa, La historia me absolverá.

Fidel deixa a prisão em 1955 - Foto em http://www.militantehp.hpg.ig.com.br/
Depois de uma mal pensada anistia, Castro se exilou no México, onde aprendeu e desenvolveu a técnica foquista da guerrilha campesina e voltandoa Cuba em 56 , a bordo do Iate Granma , para triunfar anos depois, marchando sobre Havana.
Hoje a situação cubana é esquisita, mas não se pode negar que por um tempo, foi a melhor coisa que aconteceu no mundo. Em Moncada nos mostro el camino a percorrer e desde aquel alto ejemplo para nosostros siempre es 26. Foto - http://www.militantehp.hpg.ig.com.br/
Hoje a situação cubana é esquisita, mas não se pode negar que por um tempo, foi a melhor coisa que aconteceu no mundo. Em Moncada nos mostro el camino a percorrer e desde aquel alto ejemplo para nosostros siempre es 26. Foto - http://www.militantehp.hpg.ig.com.br/
Por conta disso tudo, um texto que eu escrevi em Cuba, nos bons tempos. Não me lembro quem, ao reler textos de sua juventude, disse:
_ Nossa, como eu tinha talento naquela época...
Talento, propriamente, eu nunca tive . Mas como eu era "gente boa" naquela época:
Talento, propriamente, eu nunca tive . Mas como eu era "gente boa" naquela época:
Eddie e TiTi
Era um negro de bigode. Para facilitar ele era igual (igualzinho) ao Eddie Murphy. Na hora que eu percebi isto e me pulou de trás da orelha a pulga _Porra, com quem que este cara parece?,
ele me disse: _Cojones, me dicen siempre, toda la gente, hein TITI?
Ele tinha um amigo. Que sempre dava a palavra final. Quando, durante a longa conversa entabulada, ele queria comprovar, reforçar, asseverar, ratificar um pensamento, ele acionava o TITI, que não o deixava mentir. _É ou não é, TITI?
E o TITI estava sempre a postos e comprovava com um sorriso ou resmungando um monossílabo. Eddie falava bastante. E também ria bastante. Antigamente o diriam um "boa praça". Cumprimentava a todos. E a estes todos, em seguida, oferecia uns bocaditos de jamón vicking que comprara na feira perto da Rodoviária de Holguin, isto depois que ele e uns bons amigos tinham tomado umas doze cervejas e comido uma perna de porco no rolete, e dançado salsa com belas mulatas – e foi assim, inebriados, que quase perderam o trem antilhano, o trem domingueiro que os havia deixado nesta estação onde agora riamos e conversávamos. _ Foi ou não foi TITI?
E o TITI confirmava. Gosto quando encontro pessoas assim. Que tem suas falas ensaiadas. Que se completam. Como personagens de cartum ou desenho animado. Pessoas que você não consegue imaginar sozinhas. O Wood sem o Stock, ou apenas um dos Skrotinhos, ou sei lá, Faísca privado do Fumaça. O que fariam? O Eddie, sem o TITI, não seria a mesma coisa. Por certo, deviam existir momentos de separação. Os dois contaram - quer dizer, o Eddie contou e o TITI confirmou - que tinham mesmo, vidas diferentes. Cada um tinha sua família e moravam em municípios diferentes. Trabalhavam sempre juntos. Iam agora pintar as chaminés de uma antiga indústria nos arredores de Havana.
Eddie se chamava, vejam só, Horácio. O TITI será para sempre TITI. Eddie Horácio pegou um assento perto do meu e longe do TITI, no trem que fez a longa viagem de Cadocum a Havana. Mas sempre que precisava lembrar ou confirmar alguma coisa, era lá de longe que perguntava, indiferente aos que dormiam ou rosnavam: _Ei, TITI, lembra disso?
O TITI era mais tímido, não sabia escrever, quando precisava era o Eddie que o fazia. Ficamos como que umas cinco horas numa erma estação, esperando um trem no Oriente da Ilha de Cuba. Certa feita, quando meu farnel de rum se esgotara, Eddie se prontificou a buscar mais. Sumiu no povoado levando o cantil vazio e logo voltou, com seu sorriso impagável. Aquele ron dispenzado. Se não te cega, é muito bom. A nós, se juntou então um tipo chino, pouco mais velho. Pelo que entendi ele era o equivalente a um agente penitenciário brasileiro. Contava piadas terríveis, sem nenhuma graça, e só o Eddie é que ria. Já tinha estado em Angola. Eddie Horácio tinha trabalhado em Odessa e contava as estórias, estas sim muito boas, de como ele e outros latinos loucos ajudaram a fazer ruir o império soviético. Estas estórias o TITI não podia confirmar. TITI tinha viajado pouco e também não quis beber rum.
Eu já viajei para alguns lugares também. Nenhum como aquele. Cadocum, província de Holguin. Oriente da maior ilha do Caribe. Eddie me deu uma edição daquele livro em que o Fidel e o Frei Betto falam sobre religião. Todo rabiscado por uma das suas cinco filhas. Eu então dei pra ele o caderno onde escrevia meus rabiscos, para que sua filha ficasse à vontade. Ele riu da capa e agradeceu. Se assustou quando eu disse que os sem-terra da novela existiam, como também existiam as favelas, seqüestros e assaltos à mão armada no Brasil. Não acreditou que houvessem policiais sócios dos malandros em Havana. Muito menos que existissem no Brasil os tais restaurantes que, a um preço único e não muito caro, servem salada e uns vinte tipos diferentes de carne bovina, e você pode comer até não agüentar mais. _Isso não pode ser verdade - ele disse. E assim chegamos a Havana.
_Alemano, cuida-te con los tipos gineteros en la capital. Son tipos peligrosos, hein TITI? E lá se foram, Eddie e TITI. Foram pintar as chaminés. Eu fui cuidar da minha vida, botando nela um pouco mais de fé. Do chino eu não soube mais. O que eu sei é que nunca vai dar para esquecer aquela cubana mão amiga, que na despedida apertou a minha. Aquele tipo de amigo instantâneo, em quem se pode confiar. Do tipo que a gente encontra neste mundo de meu Deus e que nos faz ter certeza de que, apesar de tudo, é uma beleza viver aqui. Nos faz ter a certeza de que estas coisas boas em que a gente acredita são, enfim, a verdade. Até porque, se não fosse, o TITI tava aí pra desmentir.
Um comentário:
eu já tinha lido este no Bule.
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