segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Quando eu tinha, vamos ver, algo entre 12 e 14 anos, eu repetia o mesmo ritual estupido todas as semanas.Eu sabia, por intermédio de meiticulosa pesquisa nos grande fichários, que o acervo da Biblioteca Pública continha- ou deveria conter- a novela JUNKY de Willian Burroughs. Ocorre que eu investia semanalmente na estante onde deveria estar o volume. Era impossível encontra-lo. Só havia uma infinidade ( centenas) de livros de Edgar Rice Burroughs.
Edgar Rice, para quem não sabe é o sujeito que juntou a lenda de Romulo e Remo com a história do menino -lobo Mowgli - só trocando os lobos pelos macacos - e criou o personagem Tarzan. Eu ficava meio puto com todo aquele Tarzan sendo que o exemplar do único Burroughs que me interessava nunca dava as caras.
Hoje eu não consigo entender porque toda aquela obssessão adolescente em ler a história de uma bicha velha, com seus revolveres, se entupindo de drogas desde Nova York até o México . E o fato de eu nunca ter dado uma colher de chá ao simpático homem macaco pelos cipos da absurda selva africana com tigres leões e chimpanzés criada para o Lord Greystoke. Acho que eram as péssimas companhias e influências.
O volume do Junky, que eu tanto procurava, fora (só soube alguns anos mais tarde) surrupiado por um amigo - uma daquelas coisas que não se faz. Falei tudo isso para lembrar de uma frase que eu achei não sei onde e que foi cunhada pelo velho Burroughs da selva:
_ Se você escrever um conto e e ele for ruim ninguém o comprará. Agora, se você escrever uns cem é bem provável que emplaque alguns...
Isso dito no tempo em que as revistas pulp pagavam pelo numero de palavras. É, de fato, uma boa filosofia e aqui anuncio que será a minha politica neste novo ano. Escrever pelos cotovelos para, de repente, ver se eu consigo marcar um gol. E para concluir, toda esta lenga-lenga me fez pensar uma coisa.
A minha geração é composta por sujeitos que se entupiram de tudo o que pintasse desde os 12 anos. Ninguém leu o Tarzan ou o pequeno principe. A impressão é que tava tudo mundo cheirando cola por aí. Sabemos que em outras épocas os caras serviam o exército, entravam para o seminário, eram corretores de imóveis antes de caírem de boca nas coisas. Estes caras da minha idade pularam esta parte. Fomos todos na prateleira errada.
Por isso não me admira que seja uma geração composta, basicamente de farsantes - com a saude mental muito abalada. Alguns continuaram a trilha e ainda são vistos por aí, pelos bares, enlouquecendo, ficando velhos com seus dentes em péssimo estado e um incontável numero de doenças ainda não descobertas.
Outros parecem estar em situação ainda pior - frequentando igrejas nefastas, partidos indefensáveis, irmandades, essas coisas e se tornaram fascistas homiziados em empregos arranjados ou imorais e casamentos infelizes.

Um comentário:

Flávio Jacobsen disse...

olha, tenho que concordar, tua geração é uma bosta mesmo, não muito melhor que a minha, imediatamente anterior, mas que leu tarzan e pequeno principe ao menos... mas desencana, vc é legal...